Fotografando a Amazônia: dicas de viagem e relatos, por Giulia Morales
Na minha percepção, a Amazônia sempre foi um destino sonhado, porém nunca priorizado, dentro da lista de viagens dos brasileiros. E comigo não foi diferente, sempre deixava para um próximo momento até que, de última hora, fui convidada por uma amiga e tudo fluiu perfeitamente para o acontecimento dessa viagem espetacular.
Visitar a Amazônia brasileira ativa inúmeras sensações e sentimentos, nos mostra a grandeza e a coexistência, ao mesmo tempo que apresenta uma grande fragilidade de um ecossistema tão gigantesco.
Foram 7 dias de viagem, 4 imersos na selva, acampando, observando animais, mergulhando no rio e conhecendo novas culturas. Para você que sempre teve curiosidade de viajar para a Amazônia ou já está com a viagem marcada, separamos algumas dicas para deixar essa experiência ainda mais incrível!
Saindo de Manaus para o coração da selva
Fundada em 1669 pelos portugueses, a cidade foi marcada pelo ciclo da borracha, período em que ficou conhecida como “Paris dos Trópicos” devido à influência europeia em sua arquitetura e a atração de investimentos e imigrantes de todo o mundo. Hoje Manaus carrega um enorme pólo industrial, além de suas inúmeras riquezas culturais e naturais - e claro, muito calor.
O aeroporto internacional de Manaus recebe voos regularmente de outras capitais brasileiras. Saindo de São Paulo, levamos 3h40 para chegar até a capital amazonense - lembrando que existe fuso horário de 1h a menos do que a capital paulista. Do aeroporto, pegamos um uber até o centro histórico da cidade, onde ficavam nossas opções de hotéis e também os pontos turísticos mais famosos.
Em apenas 2 dias na cidade, visitamos o famoso Teatro Amazonas, Mercado Municipal Adolpho Lisboa, o Centro Cultural Povos da Amazônia, o Palácio Rio Negro, além de restaurantes e bares famosos por ali, como o Tambaqui de Banda e Bar do Armando. Aqui, já deixo uma dica: procure comer comidas e peixes típicos como tacacá, tucupi, tambaqui e pirarucu, frutas como cupuaçu, guaraná e graviola.
Visita ao Palácio Rio Negro e ao Largo de São Sebastião, onde fica o Teatro Amazonas
Nos hospedamos em dois hotéis diferentes que super indicamos para a passagem na cidade, com diárias em torno de R$188 por pessoa: Hotel Saint Paul e Mural Living. Para quem quer economizar e já fazer novas amizades, também existem hospedagens mais baratas como hostels e as agências de viagem normalmente indicam uma lista de hotéis parceiros para você.
Para chegar ao meio da selva, mais precisamente na região do Rio Juma, o transfer da agência nos buscou no hotel e seguiu até o Porto de Manaus, onde pegamos um barco que fez a travessia pelo encontro do Rio Negro e Solimões, seguindo por mais ou menos 30 minutos até um novo porto. Lá, pegamos uma Kombi por mais 40 minutos em estradas de terra até um novo barco que nos levou já pelo meio da floresta, chegando até nossa pousada Juma Lake Inn.
Passeios e observação dos animais
Os passeios pela Amazônia são feitos, em sua maioria, de barco. Passamos quase o dia inteiro dentro das canoas observando o nascer e pôr do sol, mergulhando no Rio Juma, buscando e avistando animais selvagens. Existem passeios de pesca e também o avistamento noturno de jacarés, onde o guia pega com a própria mão um filhote para nos ensinar sobre o animal, sua forma corporal e comportamento, devolvendo-o para seu habitat logo em seguida.
Observação de jacarés em meio a floresta amazônica
Em nossos passeios avistamos araras vermelhas, bicho preguiça, jacarés, botos, macaco de cheiro, aranhas, piranhas, tucanos e diversos outros pássaros lindos, de todos os tamanhos e cores, até mesmo um que existe desde a pré-história. Cada encontro é extremamente emocionante pois o comportamento dos animais é sempre imprevisível e encantador. Observar como eles agem na natureza, em seu habitat natural é lindo e potente.
Também tivemos experiências de trilhas bem intensas, praticamente retas, mas com a mata muito fechada, o que, junto com o calor, vai desgastando as energias. O cuidado é redobrado por conta de árvores com espinhos, troncos cortantes e animais como vespas, aranhas e cobras. Veja nossas dicas do que levar na mala para não errar na roupa nos próximos tópicos!
→ Neste post, você confere mais informações e curiosidades sobre a Floresta Amazônia!
Como é acampar na Amazônia?
Mesmo para quem já tem o costume de fazer trilhas e estar em contato com a natureza, a Amazônia é extremamente desafiadora e intensa. Acampar no meio da selva, escutando os macacos e vendo as aranhas gigantes passando ao meu lado, foi uma das experiências mais incríveis da minha vida.
Nosso guia, nascido em território indígena, fez os talheres, pratos e até leques com troncos e galhos que encontrou pelo caminho. Fizemos uma fogueira e nosso jantar foi arroz, frango e peixe. Dormimos em uma rede com mosquiteiro e, apesar do calor intenso que fazia, fomos dormir de meia e calça por conta dos mosquitos (confesso que no meio da noite fiquei com um pouco de frio e me cobri com a toalha que tinha usado como travesseiro). E não, não tem banheiro, é no mato mesmo - leve um lencinho umedecido e sua sacolinha para jogar qualquer lixo produzido. Bem cedinho acordamos fazendo café na fogueira e seguimos para mais uma trilha.
Curtindo nosso jantar bem protegidas dos mosquitos de meia com Linus!
Atenção com o turismo predatório, escolha bem seus passeios!
Infelizmente o turismo na Amazônia também tem seus lados negativos. O turismo predatório nada mais é do que quando não existe gerenciamento aos limites da natureza e da população local, é um turismo em massa que não se preocupa com a preservação dos destinos.
Por isso, é muito importante pesquisar sobre o passeio que você irá fazer. Ainda existem pessoas e empresas utilizando animais presos e dopados para fotografias e selfies dos turistas para as redes sociais. Atente-se a qualquer proximidade duvidosa de um animal selvagem, alimentá-lo e segurá-lo pode causar estresse e desbalancear todo um ecossistema.
Outro cuidado que devemos ter é respeitar o espaço das comunidades locais. Busque aprender mais sobre as culturas escutando e tendo trocas genuínas, sempre pergunte antes se pode fotografar determinados espaços que são importantes para elas.
Qual a melhor época para viajar para a Amazônia?
Muito cuidado ao escolher a data da sua viagem, afinal, você não vai querer estar na mata no meio das tempestades tropicais, né? A floresta é muito quente e úmida durante todo o ano, mas existem dois períodos bem definidos de estações: estação seca (verão) de abril a setembro e chuvosa (inverno) durante outubro até março. As estações influenciam muito no nível da água dos rios e no comportamento animal. A alta temporada indicada é entre junho e julho, mas nossa viagem durante setembro foi perfeita e indicamos.
→ Saiba mais sobre as estações do ano no Brasil aqui!
Qual a média de gastos?
O maior gasto referente a viagem é a passagem, por isso a dica é buscar promoções, comprar com antecedência ou utilizar suas milhas. Depois disso, vem o valor da agência, e sim, esse é um destino praticamente impossível de se conhecer sem uma agência ou guia. Seus gastos extras serão o hotel, transporte, passeios e alimentação em Manaus, presentinhos e passeios extras que você escolher. Abaixo você confere um exemplo dos nossos gastos com base em valores de setembro de 2022:
Gastos por pessoa para 2 dias em Manaus, 4 dias de passeios pela floresta e 1 dia em Presidente Figueiredo:
- Passagem São Paulo - Manaus: R$1.724,99
- Passeios com a agência local: R$1.160
- Hospedagem Manaus: R$377
- Transporte + Alimentação em Manaus (incluindo bebidas alcoólicas): R$320
O que levar na mala?
Para essa viagem, é importante estar preparada para duas coisas: o calor e os mosquitos. Aqui vai uma listinha básica que você pode usar como check list na hora de montar a sua mala:
- Roupas leves e gostosas para passear por Manaus como vestidos, shorts jeans e Linus;
- Óculos de sol para os passeios pela selva e/ou boné;
- Kit de primeiro socorros, principalmente anti-alérgicos e pomadas para arranhões e picadas;
- Um ótimo e forte repelente, na verdade leve mais de um, você vai usar;
- Roupas de banho - leve todas escuras ou estampadas, pois a composição do rio pode manchar as roupas;
- Roupas leves de esporte são ótimas para o calor e trilhas, tudo claro para afastar os mosquitos: shorts bike, legging e regata;
- Garrafa de água térmica;
- Um corta vento caso chova ou esfrie um pouco pela noite;
- Toalha leve e fácil de secar;
- Shampoo e condicionador em barra;
- Protetor solar;
- Um tênis ou bota que cubra seu calcanhar - apenas para trilhas mais densas e longas.
Dica: como estamos sempre dentro de barcos para o transporte é mais inteligente levar um mochilão do que qualquer outro tipo de mala. Leve também uma mochila menor para te acompanhar nos passeios durante o dia.
As Linus escolhidas para esta viagem foram a Amazônia, Areia e Urucum!
Dicas de fotografia para a sua viagem à Amazônia
Fotografar animais selvagens e paisagens é sempre um desafio maravilhoso. Para essa viagem o celular consegue dar conta de fotografar as incríveis paisagens e momentos inesquecíveis, porém fotografar os animais já é bem mais complicado.
Os galhos e os tons da floresta dificultam a fotografia, é bem difícil de avistar os animais até mesmo com os olhos. Outro fator é a distância, os animais costumam ficar no alto das árvores, onde celulares normalmente não alcançam. Se você tem a oportunidade de levar uma câmera semi ou profissional, leve.
Nessa viagem levei 2 lentes: 18-140mm para as paisagens e fotos com a Linus, e a minha 70-300mm para fotografar os animais. Também levei meu drone Dji Mavic Mini, que deu super conta do recado, é espetacular ver as imagens aéreas, mostrando o tamanho da imensidão que é a nossa floresta!
Lá no insta da Linus você pode conferir um pouco dessa experiência maravilhosa pela Amazônia e do meu olhar sobre essa região tão especial do nosso Brasil:
Beijos e até a próxima!
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